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quarta-feira, 26 de março de 2014

MOMENTOS COM: ANDRÉIA BEHEREGARAY

 A ação de Eros

'Quando uma história termina a gente primeiro se sente perdida, por mais que sorria e dance, e então vem aquele período de roda viva em que a gente entra numa onda frenética olhando todo mundo que pinta como uma possibilidade de paixão, a gente fica louco para se apaixonar, sabe? Mas desconfio que mais para substituir a outra pessoa e diminuir a dor, do que pela paixão mesmo. E então vem o tempo, o cansaço, as desistências e a gente larga de mão, não quer mais saber. O tempo dobra, aquieta, nos faz mais humildes, mostra que não adianta sair por ai querendo substituir ou apagar nada, que não tem outro remédio ou anestesia para as dores de amor, a não ser ele, o próprio tempo. Eu desconfio que é nessa hora, justo nessa hora em que damos as costas para Eros que ele lança suas flechas sempre certeiras. Quando o outro chega sem avisar, sem mais nem porquê e vai se instalando de mansinho, despertando vontades, tomando conta do pensamento, crescendo assim, distraído dentro da gente. Eu desconfio que é sempre nessa hora, quando não procuramos mais, que Eros gosta de nos atingir deixando sempre a certeza de que cedo ou tarde, o amor nos alcança outra vez'. 

Andréa Beheregaray.



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